19 dezembro 2006

Através da Janela

Aqui dentro é opaco,
morto, obscuro, estático.
Nada se sente, nada se fala.
Só percebo ruídos,
vindos de algum lugar,
criados por um "não sei quem".
Mas no quarto, vejo luz.
Vejo um brilho nascente da rua,
nascente do sol, da vida.
Aqui dentro choro, canto,
assisto, me encanto, torço,
me apaixono, enlouqueço.
Mas a luz me desperta a vida...
Deixa aqui dentro,
um sopro de esperança, de futuro.
É um alento à sofridão da alma.
Percebo através do buraco,
a vida que não vivo,
a alegria que não sinto,
os amores que não tenho,
a correria que não preciso,
os ritmos que não gosto,
os perigos que não corro.
Percebo tudo isso através de um ponto.
Imperfeito, na arquitetura da janela...
Perfeito na escuridão da alma...

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